História do Cinema



Indícios históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do homem com o registro do movimento.

* O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras.
* O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema.
* Experiências posteriores como a câmara escura e a lanterna mágica constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade cinematográfica.

Jogos de sombras



Surge na China, por volta de 5.000 a.C. É a projeção, sobre paredes ou telas de linho, de figuras humanas, animais ou objetos recortados e manipulados. O operador narra a ação, quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões.

Câmara escura

Seu princípio é enunciado por Leonardo da Vinci, no século XV. O invento é desenvolvido pelo físico napolitano , no século XVI, que projeta uma caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Através dele penetram e se cruzam os raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no interior da caixa.



Lanterna mágica


Criada pelo alemão Athanasius Kirchner, na metade do século XVII, baseia-se no processo inverso da câmara escura. É composta por uma caixa cilíndrica iluminada a vela, que projeta as imagens desenhadas em uma lâmina de vidro.




PRIMEIROS APARELHOS


Para captar e reproduzir a imagem do movimento, são construídos vários aparelhos baseados no fenômeno da persistência retiniana (fração de segundo em que a imagem permanece na retina), descoberto pelo inglês Peter Mark Roger, em 1826. A fotografia, desenvolvida simultaneamente por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce, e as pesquisas de captação e análise do movimento representam um avanço decisivo na direção do cinematógrafo.

Fenacistoscópio



O físico belga Joseph-Antoine Plateau é o primeiro a medir o tempo da persistência retiniana. Para que uma série de imagens fixas dêem a ilusão de movimento, é necessário que se sucedam à razão de dez por segundo. Em 1832, Plateau inventa um aparelho formado por um disco com várias figuras desenhadas em posições diferentes. Ao girar o disco, elas adquirem movimento. A idéia era apresentar uma rápida sucessão de desenhos de diferentes estágios de uma ação, criando a ilusão de que um único desenho se movimentava.

Praxinoscópio



Aparelho que projeta na tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, inventado pelo francês Émile Reynaud (1877). A princípio uma máquina primitiva, composta por uma caixa de biscoitos e um único espelho, o praxinoscópio é aperfeiçoado com um sistema complexo de espelhos que permite efeitos de relevo. A multiplicação das figuras desenhadas e a adaptação de uma lanterna de projeção possibilitam a realização de truques que dão a ilusão de movimento.

Fuzil fotográfico




Em 1878 o fisiologista francês Étienne-Jules Marey desenvolve o fuzil fotográfico: um tambor forrado por dentro com uma chapa fotográfica circular. Seus estudos se baseiam na experiência desenvolvida, em 1872, pelo inglês Edward Muybridge, que decompõe o movimento do galope de um cavalo. Muybridge instala 24 máquinas fotográficas em intervalos regulares ao longo de uma pista de corrida e liga a cada máquina fios que atravessam a pista. Com a passagem do cavalo, os fios são rompidos, desencadeando o disparo sucessivo dos obturadores, que produzem 24 poses consecutivas.

Cronofotografia



Pesquisas posteriores sobre o andar do homem ou o vôo dos pássaros levam Étienne-Jules Marey, em 1887, ao desenvolvimento da cronofotografia a fixação fotográfica de várias fases de um corpo em movimento, que é a própria base do cinema.

Cinetoscópio



O norte-americano Thomas Alva Edison inventa o filme perfurado. E, em 1890, roda uma série de pequenos filmes em seu estúdio, o Black Maria, primeiro da história do cinema. Esses filmes não são projetados em uma tela, mas no interior de uma máquina, o cinetoscópio – também inventado por Edison um ano depois. Mas as imagens só podem ser vistas por um espectador de cada vez.

Cinematógrafo




A partir do aperfeiçoamento do cinetoscópio, os irmãos Auguste e Louis Lumière idealizam o cinematógrafo em 1895. O aparelho – uma espécie de ancestral da filmadora – é movido a manivela e utiliza negativos perfurados, substituindo a ação de várias máquinas fotográficas para registrar o movimento. O cinematógrafo torna possível, também, a projeção das imagens para o público. O nome do aparelho passou a identificar, em todas as línguas, a nova arte (ciné, cinema, kino etc.).



Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) nascem em Besançon, na França. Filhos de um fotógrafo e proprietário de indústria de filmes e papéis fotográficos, eram praticamente desconhecidos no campo das pesquisas fotográficas até 1890. Após freqüentarem a escola técnica, realizam uma série de estudos sobre os processos fotográficos, na fábrica do pai, até chegarem ao cinematógrafo. Louis Lumière é o primeiro cineasta realizador de documentários curtos. Seu irmão Auguste participa das primeiras descobertas, dedicando-se posteriormente à medicina.


Cinema Mudo

A apresentação pública do cinematógrafo marca oficialmente o início da história do cinema. O som vem três décadas depois, no final dos anos 20.



A primeira exibição pública das produções dos irmãos Lumière ocorre em 28 de dezembro de 1895, no Grand Café, em Paris. A saída dos operários das usinas Lumière, A chegada do trem na estação, O almoço do bebê e O mar são alguns dos filmes apresentados. As produções são rudimentares, em geral documentários curtos sobre a vida cotidiana, com cerca de dois minutos de projeção, filmados ao ar livre.



Chegam às guerras na nossa história do cinema e há uma ascensão no cenário hollywoodiano, com o recesso do cinema europeu durante a 1a Guerra Mundial,

Em 1912, Mack Sennett, o maior produtor de comédias do cinema mudo, que descobriu Charles Chaplin e Buster Keaton, instala a sua Keystone Company.


KEYSTONE COMEDIES with MACK SENNETT SILENT CLASSICS

No mesmo ano, surge a Famous Players (futura Paramount) e, em 1915, a Fox Films Corporation.



Para enfrentar os altos salários e custos de produção, exibidores e distribuidores reúnem-se em conglomerados autônomos, como a United Artists, fundados em 1919.



A década de 20 consolida a indústria cinematográfica americana e os grandes gêneros – western, policial, musical e, principalmente, a comédia –, todos ligados diretamente ao estrelismo.

Star system
O desenvolvimento dos grandes estúdios proporciona o surgimento do star system, o sistema de "fabricação" de estrelas que encantam as platéias. Mary Pickford, a "noivinha da América", Theda Bara, Tom Mix, Douglas Fairbanks e Rodolfo Valentino são alguns dos nomes mais expressivos.

Com o êxito alcançado, os filmes passam dos 20 minutos iniciais a, pelo menos, 90 minutos de projeção. O ídolo é chamado a encarnar papéis fixos e repetir atuações que o tenham consagrado, como Rosita, de 1923, com Mary Pickford.



COMÉDIA

Baseada na sátira de pequenas cenas do cotidiano, a comédia americana dos anos 20 privilegia lugares, situações e objetos que retratam a vida urbana e a "civilização das máquinas". Recorre com freqüência ao "pastelão" e ganha impulso com o produtor e diretor americano Mack Sennett. Destacam-se os tipos desenvolvidos por Ben Turpin, Buster Keaton, Harold Lloyd e Charles Chaplin.



Charles Chaplin (1889-1977), diretor, produtor e ator, passam uma infância miserável em orfanatos, na Inglaterra. Emprega-se nos music halls em 1908 e adquire algum sucesso como mímico. Contratado por um empresário norte-americano, vai para os Estados Unidos em 1913 e, um ano depois, realiza seu primeiro filme - Carlitos Repórter (Making a Living - 1914). Seu personagem, Carlitos, o vagabundo com bengala, chapéu-coco e calças largas, torna-se o tipo mais famoso do cinema. Entre seus principais filmes estão O Garoto (Kid, The - 1921), Em Busca do Ouro (The Gold Rush - 1925), Luzes da Cidade (City Lights - 1931), Tempos Modernos (Modern Times - 1936) e O Grande Ditador (The Great Dictator - 1940).





Buster Keaton (1895-1966), Joseph Francis Keaton nasce nos Estados Unidos e estréia no palco aos três anos, acompanhado de seus pais, num número de acrobacia. Recebe o apelido de Buster (demolidor) por sua resistência aos tombos. Em 1917 começa no cinema, fazendo pontas. Três anos depois, passa à direção. Torna-se famoso com a criação de um tipo inesquecível - o cômico que nunca ri - consagrado em O General (The General - 1927) e Marinheiro de Encomenda (Steamboat Bill, Jr. - 1928), entre outros. É considerado um dos maiores nomes do cinema humorístico, comparável a Chaplin.



 Hollywood - Filmes Americanos

Anos de ouro do Hollywood onde surgiram as grandes como A Dama das Camélias, ...E o Vento Levou, O Morro dos Ventos Uivantes e Casablanca.

Novos recursos técnicos possibilitam o desenvolvimento pleno de todos os gêneros. Desafiando o esquema dos grandes estúdios hollywoodianos, Orson Welles lança, em 1941, Cidadão Kane, filme que revoluciona a estética do cinema.



Orson Welles (1915-1985)
Diretor, ator e roteirista, nasce nos Estados Unidos e estuda pintura no Chicago Arts Institute. Como ator teatral funda, em 1936, o Mercury Theatre, em Nova York. Dois anos mais tarde passa a trabalhar no rádio, onde faz em 30 de outubro de 1938 uma emissão dramatizada da Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, na qual anuncia a invasão da Terra por marcianos.
Para quem não conhece essa história , ele apresnetava um programa de radio e um dia ele resolveu contar a história do Livro que também deu origem ao filme Guerra do Mundos, e as pessoas que estava ouvindo o programa, acharam que realmente estava acontecendo o que ele narrava em seu programa. Uma grande multidão entrou em pânico ...

Em 1941 lança O Cidadão Kane, onde subverte a narrativa cronológica, com um enredo não-linear, ousadia na profundidade de campo e iluminação inspirada no expressionismo. Cria depois outras obras, como It's All True (interrompida e concluída postumamente em 1993), e Macbeth (Macbeth - 1948) e Othello (Tragedy of Othello: The Moor of Venice, The - 1952), de inspiração shakesperiana.



Cidadão Kane
MUSICAL

Surge em Hollywood na década de 30 e se caracteriza por roteiros musicais que mesclam danças, cantos e músicas. No início dos filmes falados, os musicais sofrem grande influência do teatro. O filme que definitivamente estabelece o gênero é Melodia da Broadway (Broadway Melody - 1929), de Harry Beaumont. Seu êxito provoca uma onda de filmes que rapidamente se tornam populares, como Caçadoras de Ouro (Gold Diggers of 1933 - 1933), A Canção do Deserto ( - 1933) e O Rei do Jazz ( - 1933). Voando Para o Rio (Flying Down to Rio - 1933), projeta Fred Astaire e Ginger Rogers. Gene Kelly por Diário de Um Homem Casado (A Guide for the Married Man - 1967), Rita Hayworth por O Protegido do Papai (The Lady In Question - 1940) e Judy Garland por O Mágico de Oz (Wizard of Oz, The - 1939) também ganham notoriedade.


Judy Garland

Gene Kelly

Rita Hayworth

O Mágico de Oz
COMÉDIA

Gênero consolidado na década de 20, a comédia incorpora novos nomes. Os irmãos Marx brilham com seus diálogos absurdos e graças de picadeiro em "No Hotel da Fuzarca" (The Cocoanuts - 1929), "Diabo a Quatro" (Duck Soup - 1933) e Uma Noite Na Ópera (A Night At The Opera - 1935). Os atores Oliver Hardy e Stan Laurel notabilizam a dupla O Gordo e o Magro em "Fra Diavolo" (The Devil's Brother / Fra Diavolo - 1933) e "Filhos do Deserto" (Sons of the Desert / Fraternally Yours - 1933). W.C. Fields, que surgiu no cinema por volta de 1915, destaca-se na década de 30, com "No Tempo do Onça" e "A Filha do Saltimbanco". O prestígio de Chaplin mantém-se em filmes como "Luzes da Cidade" (City Lights - 1931) e "Tempos Modernos" (Modern Times - 1936), que adquirem dimensão política. A combinação de ousadias eróticas e certa dose de crítica do cotidiano resulta na comédia de costumes, que domina o cinema americano. O alemão Ernst Lubitsch desenvolve o estilo em filmes como "Ladrão de Alcova" (Trouble in Paradise - 1932) e "Ninotchka" (Ninotchka - 1939), este com Greta Garbo. Outros representantes: George Cukor por "Uma Hora Contigo" (One Hour With You - 1932), William Wellman por "Nada É Sagrado" (Nothing Sacred - 1937), Leo McCarey por "Cupido É Moleque Travesso" (The Awful Truth - 1937), Howard Hawks por "Levada da Breca" (Bringing Up Baby - 1938) e um dos maiores nomes das décadas de 30/50, o diretor Frank Capra.


Greta Garbo


Ninotchka


Frank Capra (1897-1991)
Nasce na Sicília e emigra para os Estados Unidos, em 1903. Na juventude estuda química e matemática. Começa no cinema como argumentista dos cômicos Laurel e Hardy (O Gordo e o Magro). Na direção, desenvolve uma obra de conteúdo social, otimista e confiante na democracia americana, que acerta em cheio, nos anos difíceis da Depressão. "Aconteceu Naquela Noite" (It Happened One Night - 1934), ganha os principais Oscars do ano. "Do Mundo Nada Se Leva" (You Can't Take It with You - 1938), "A Mulher Faz o Homem" (Mr Smith Goes to Washington - 1939) e Adorável Vagabundo (Meet John Doe - 1941) são seus principais sucessos.



WESTERN



Gênero específico americano, o western (faroeste) explora marcos históricos, como a Conquista do Oeste, a Guerra de Secessão e o combate contra os índios. Cenas de ação e aventura envolvem caubóis e xerifes. Em 1932 inicia-se uma grande produção de westerns, onde o caubói é também cantor, como Gene Autry e Roy Rogers. Cecil B. de Mille produz Jornadas Heróicas (The Plainsman - 1937). Em 1939, com No Tempo das Diligências (Stagecoach - 1939), John Ford abre o ciclo de produções com grandes diretores e astros, onde se destacam também King Vidor por Duelo ao Sol (Duel in the Sun - 1946) e Henry King por Jesse James (Jesse James - 1939).



John Ford (1895-1973)
Diretor americano nascido no Maine, filho de irlandeses, é um dos cineastas mais premiados do mundo. Depois de se formar no ensino médio, vai para Hollywood, em 1914. Começa trabalhando como ator, contra-regra e assistente nos filmes de seu irmão, , diretor e roteirista da Universal. Em 1917 estréia na direção, fazendo pequenos westerns. Seus filmes possuem orçamentos modestos, poucos atores, e alternam dramas com trechos de comédias. Sangue de Herói (Fort Apache - 1948) e O Céu Mandou Alguém (The Three Godfathers - 1948), estão entre os westerns mais importantes da década de 40.


TERROR

São várias as tendências dos filmes de terror, que têm em comum o desequilíbrio e a transgressão do real. Em 1931, Drácula (Dracula - 1931) e Frankenstein (Frankenstein - 1931) entram em cena. Um ano depois, é a vez de O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde - 1932), baseado no romance de Robert Louis Stevenson. Em 1933, o gorila King Kong (King Kong - 1933) assusta as platéias do mundo inteiro.


Frankeenstein

O Médico e o Monstro

King Kong

POLICIAL

O filme policial surge na França, no começo do século, mas é nos Estados Unidos, a partir da década de 30, que o gênero se firma. Cenários sombrios e escuros, neblina, cenas de crimes e violência envolvem detetives, policiais, aristocratas e belas mulheres. O filme noir - como os franceses o denominaram - logo se impõe como um grande gênero. Destacam-se Howard Hawks por Scarface - (Scarface - 1932) e John Huston por Relíquia Macabra / Falcão Maltês (The Maltese Falcon - 1941).


Scarface

Neo-realismo Italiano
Devido as duas grandes guerras, que acabaram por ocasionarmuitos traumas, fizeram com que os cineastras italianos a assumissem posições mais crítica em relação aos problemas sociais e reagirem contra os esquemas tradicionais de produção.

Surgindo, o movimento neo-realista Italiano. A renovação ocorre na temática, na linguagem e na relação com o público. A experiência neo-realista tem duração relativamente curta mas causa enorme impacto sobre as demais cinematografias e se expressa de diferentes formas em outros países.

Com poucos recursos, linguagem mais simples, temáticas contestadoras, atores não-profissionais e tomadas ao ar livre os filmes retratam o dia-a-dia de proletários, camponeses e pequena burguesia. "Obsessão" (Ossessione - 1943), de Luchino Visconti, é considerada a obra inaugural do neo-realismo.

A trilogia de Roberto Rosselini, Roma, "Cidade Aberta" (Roma, città aperta / Rome, Open City - 1945), "Paisà" (Paisà - 1946) e "Alemanha, Ano Zero" (Germania Anno Zero / Germany Year Zero - 1947), ao lado de "Ladrões de Bicicleta" (Ladri di Biciclette / The Bicycle Thief - 1948) e "Umberto D" (Umberto D - 1952), de Vittorio De Sica, constituem os grandes marcos do movimento.


Roma, "Cidade Aberta"
Destacam-se também "A Romana" (La Romana / Woman of Rome - 1954), de Luigi Zampa, "O Capote" (Il Cappotto / The Overcoat - 1952), de Alberto Lattuada, "O Ferroviário" (Il Ferroviere / Man of Iron / The Railroad Man - 1956), de Pietro Germi, e "A Terra Treme" (La Terra trema / The Earth Trembles - 1948), de Visconti.


Vittorio De Sica (1902-1974)

Diretor e ator italiano, estréia no cinema em 1922. Na década de 30, torna-se o galã popular nas comédias ligeiras do diretor Mario Camerini. A partir de 1940 passa a dirigir, trabalhando em parceria com o roteirista Cesare Zavattini. Juntos, realizam as maiores obras do neo-realismo: "Milagre em Milão" (Miracolo a Milano / Miracle in Milan - 1950) e "O Teto" (Il Tetto / The Roof / Le Toit - 1956). Recebe três Oscars de filme estrangeiro por "Ontem, Hoje e Amanhã" (Ieri, Oggi e Domani / Yesterday, Today and Tomorrow - 1963), "Casamento à Italiana" (Matrimonio all'Italiana / Marriage Italian-Style - 1964) e "O Jardim dos Finzi Contini" (Il Giardino dei Finzi-Contini / The Garden of the Finzi-Continis - 1971).

Roberto Rosselini (1906-1977)

Nasce na Itália, em uma família rica, e se interessa por cinema influenciado pelo avô, proprietário de uma casa de espetáculos. Após realizar curtas amadores ingressa na indústria cinematográfica, durante o fascismo, como assistente de direção.
Trabalha como supervisor de diversos filmes, como "L'Invasore" (L' Invasore / Invader, The - 1943), de Nino Giannini, e "Benito Mussolini" (Benito Mussolini / Blood on the Balcony - 1961), de Pasquale Prunas. Em 1963 escreve o roteiro de "Tempo de Guerra" (Les Carabiniers / The Riflemen / The Soldiers - 1963), de Godard. Na década de 60, depois de um romance turbulento com a atriz Ingrid Bergman, Rosselini ingressa na televisão educativa, para a qual faz seus últimos trabalhos.


Já no final da década de 50 e início dos anos 60, o cinema italiano inclina-se para a investigação psicológica, retratando uma sociedade em crise: Michelangelo Antonioni e Federico Fellini fazem reflexões morais sobre a condição humana. Luchino Visconti, em "Rocco e Seus Irmãos" (Rocco e i suoi Fratelli / Rocco and His Brothers - 1960), mostra a vida dos imigrantes do sul da Itália. Pier Paolo Pasolini em "Teorema" (Teorema / Theorem - 1968) discute a sexualidade como meio de auto-conhecimento e transformação.

Nos anos 70 retoma-se a discussão política ou existencial com Ettore Scola, herdeiro da comédia italiana surgida no pós-guerra, Francesco Rosi de "O Caso Mattei" (Il Caso Mattei / The Mattei Affair - 1972), Mario Monicelli por "Meus Caros Amigos" (Amici Miei / My Friends - 1975), Elio Petri por "A Classe Operária Vai ao Paraíso" (La Classe operaia va in paradiso / Lulu the Tool / The Working Class Goes to Heaven - 1971), Gillo Pontecorvo por "Queimada" (Queimada / Burn! / Mercenary, The - 1969), Valério Zurlini por "A Primeira Noite de Tranqüilidade" (La Prima Notte di Quiete / Il Professore - 1972), Dino Risi por "Perfume de Mulher" (Profumo di donna / Scent of a Woman / Sweet Smell of Woman / That Female Scent - 1974), Mauro Bolognini por "A Grande Burguesia" (Fatti di gente per bene / Drama of the Rich / La Grande Bourgeoise / The Murri Affair - 1974), Marco Ferreri por "A Comilança" (La Grande Bouffe / Blow-Out / The Grande Bouffe / La Grande abbuffata - 1973), Marco Bellocchio por "De Punhos Cerrados" (I Pugni in Tasca / Fist in His Pocket / Fists in the Pocket - 1965) e Bernardo Bertolucci por "O Último Tango Em Paris" (Ultimo tango a Parigi / Last Tango in Paris / Lê Dernier Tango à Paris - 1972).

  O Ultimo Tango em Paris
Na década de 80, toda a força e originalidade do cinema mediterrâneo continua presente nos irmãos Vittorio e Paolo Taviani (Pai patrão), Lina Wertmuller (Camorra), Ermano Olmi (A árvore dos tamancos) e Ettore Scola (O baile).


O baile
Os anos 90 trazem Giuseppe Tornatore (Cinema paradiso), Maurizio Nicheti (Ladrões de sabonete), Gabriele Salvatore (Mediterrâneo), Daniele Luchetti (O senhor ministro), Nanni Moretti (A missa acabou), Gianni Amelio (Ladrão de crianças) e, novamente, Monicelli (Parente é serpente), Scola (A viagem do capitão Tornado) e Fellini (A voz da lua).


Cinema Paradiso

Michelangelo Antonioni (1912)
Nasce em Ferrara, na Itália, forma-se em economia e comércio em Bolonha, mas prefere exercer o jornalismo. Trabalha como crítico de cinema, assistente de direção de Marcel Carné e roteirista de Federico Fellini. A solidão é um dos temas centrais de sua obra. São famosos os seus planos longos e fixos, demonstrando domínio total da imagem. Sua trilogia da incomunicabilidade – A aventura (1959), A noite (1960) e O eclipse (1961) – obtém limitado sucesso comercial. O reconhecimento do público vem com Blow-up, em 1967, filmado em Londres. Nos EUA, dirige Zabriskie point (1970), no qual faz uma autópsia da sociedade de consumo norte-americana, e O passageiro (1975). Seu último filme é Identificação de uma mulher (1982).


Blow-up





Federico Fellini (1920-1993),
Nasce em Rimini, Itália, e trabalha como jornalista e caricaturista. Começa no cinema aos 19 anos, como roteirista de comédias. Considerado o maior gênio do cinema contemporâneo, Fellini cria em suas obras um universo extremamente rico e complexo. Busca inspiração em suas experiências pessoais, desenvolvendo um estilo fantástico e surreal. Em 1943 casa-se com a atriz Giulietta Masina, com quem fica até a morte. Entre suas obras-primas estão Os boas-vidas (1953) e Amarcord (1973), que retratam sua juventude, As noites de Cabíria (1957), com Giulietta Masina, A doce vida (1960), um perfil desiludido da burguesia italiana, Fellini oito e meio (1963), uma grande autobiografia, e E la nave va (1985), um de seus últimos sucessos.

8/2


Ettore Scola (1931)
Nasce na província italiana de Avelino, muda-se mais tarde para Roma. Inicia curso de direito, mas acaba se dedicando ao jornalismo, como diagramador de um periódico humorístico. É contratado por roteiristas para escrever piadas para o cinema, passando, gradualmente, a atuar como diretor. Considerado o maior gênio do cinema italiano dos anos 70/80. Sempre esteve ligado ao Partido Comunista Italiano e suas obras são marcadas pela temática social e política. Seu primeiro sucesso, Ciúme à italiana (1970), inicia a sátira política. Realiza grandes filmes como Nós que nos amávamos tanto (1974), Feios, sujos e malvados (1975), Um dia muito especial (1977), Casanova e a revolução (1982), Maccaroni (1985) e A família (1986).


Nós que amávamos tanto

Após a 2a Guerra, o macarthismo instaura um clima de intolerância e perseguições que favorece a proliferação de musicais – Cantando na chuva, de Gene Kelly, Sinfonia em Paris, de Vincente Minnelli, Cinderela em Paris, de Stanley Donen –, comédias românticas e sofisticadas – A princesa e o plebeu, de William Wyler – ou superproduções: Os dez mandamentos, de Cecil B. de Mille. Nos estúdios trabalham diretores de grande talento: Alfred Hitchcock (Disque M para matar), Billy Wilder (Farrapo humano), John Huston (O tesouro de Sierra Madre), Fred Zinnemann (Matar ou morrer), George Stevens (Os brutos também amam), Douglas Sirk (Palavras ao vento), George Cukor (Nasce uma estrela) e Roger Corman (Obsessão macabra).

Cantando na Chuva - Gene Kelly

Cantando na Chuva Versão Vila Sésamo

Disque M para Matar - Alfred Hitchcock


Alfred Hitchcock (1899-1980)

É considerado o mestre do suspense. Nasce em Londres, filho de pais católicos, e recebe formação jesuítica. Começa a escrever roteiros em 1923, na Inglaterra. Muda-se para os Estados Unidos, em 1939, levado pelo produtor David Selznick, e filma Rebecca um ano depois. Influencia muitos diretores e faz grandes filmes de sucesso: O homem que sabia demais (1934), Interlúdio (1946), Festim diabólico (1948), Janela indiscreta (1954), Um corpo que cai (1958), Psicose (1960) e Os pássaros (1963).


Psicose - Cena do assassinato no banheiro


Billy Wilder (1906)
Nasce em Viena, na Áustria. Trabalha como jornalista e crítico de arte. Muda-se para a Alemanha, onde passa a escrever roteiros de cinema. A partir de 1933 vai para Hollywood e torna-se roteirista de diretores como Lubitsch e Howard Hawks. Sofisticado nas comédias e dramas, seus filmes marcam época e se tornam clássicos, como Crepúsculo dos deuses (1950), A montanha dos sete abutres (1951), uma crítica à imprensa marrom, e O pecado mora ao lado (1955), com a atriz Marilyn Monroe.


O Pecado Mora ao lado
Escola de Nova York

A partir de 1955, a reação ao sistema de estúdio vem com a Escola de Nova York, influenciada pelo neo-realismo italiano – Delbert Mann (Vidas separadas) e Martin Ritt (Despedida de solteiro) – e os jovens cineastas saídos da TV: Sidney Lumet (O homem do prego) e Arthur Penn (Um de nós morrerá). Surge um cinema inconformista, que aborda temas polêmicos: o conflito de gerações em Juventude transviada, de Nicholas Ray; a guerra em O julgamento de Nüremberg, de Stanley Kramer; injustiça social em Sindicato de ladrões, de Elia Kazan; sexo e intolerância moral em Clamor do sexo, de Kazan, ou Gata em teto de zinco quente, de Richard Brooks.

Décadas de 60/70 – Nos anos 60, Stanley Kubrick (O Dr. Fantástico), John Frankenheimer (Sob o domínio do mal) e Sidney Pollack (A noite dos desesperados) continuam voltados para a crítica social e os problemas humanos.

Na década de 70 Francis Ford Coppola (O poderoso chefão, Apocalypse now), Martin Scorsese (Taxi driver) e Robert Altman (Mash) dissecam aspectos traumáticos da sociedade americana, enquanto a tradição do musical é renovada por Bob Fosse (Cabaré) e a do cinema de humor por Woody Allen (Noivo neurótico, noiva nervosa), Mel Brooks (O jovem Frankenstein) e Blake Edwards (S.O.B.). Emigrados do Leste europeu, o tcheco Milos Forman (Um estranho no ninho) e o polonês Roman Polanski (Chinatown) aclimatam-se aos EUA. A era das superproduções renasce com Steven Spielberg (Encurralado) e George Lucas (Guerra nas estrelas). As bilheterias registram fenômenos de público, como Rocky, o lutador, que lança o ator e diretor Sylvester Stallone.


Woody Allen (1935)

Alan Stewart Konigsberg, ator, roteirista e diretor americano. Filho de um chofer de táxi e uma vendedora de floricultura, nasce em Manhattan, cenário de grande parte de seus filmes. Sempre tímido, descobre no humor uma forma de conquistar amizades. Inicia a carreira escrevendo piadas para um programa humorístico da NBC. Posteriormente, comanda shows em boates, quando, em 1965, Shirley McLaine e o produtor Charles Feldman o contratam como ator e roteirista do filme O que é que há gatinha? Um ano depois, estréia como diretor e seu humor inteligente e refinado produz grandes sucessos como Interiores (1978), A rosa púrpura do Cairo (1985), Hannah e suas irmãs (1986), Maridos e esposas (1992) e Um misterioso assassinato em Manhattan (1993). No final de 1991, se envolve num escândalo ao manter um romance com Soon-YI, filha adotiva de Mia Farrow.

Década de 80 – Esse período traz visões contestadoras da vida social nos filmes de Michael Cimino (O Franco-Atirador), Philip Kaufman (Os eleitos), David Lynch (Veludo azul), Brian de Palma (Carrie, a estranha), seguidor de Hitchcock; de roteiristas que passam à direção, como Lawrence Kasdan (Corpos ardentes) e Oliver Stone (Platoon); de jovens e competentes artesãos, como John Landis (O lobisomem americano em Londres) ou John Carpenter (Fuga de Nova York). Os independentes nova-iorquinos Jim Jarmusch (Daunbailó) e John Sayles (Lianna) fazem filmes baratos, influenciados pelo neo-realismo.

Como já acontecera na época da 2a Guerra, a indústria importa diretores de outros países: os australianos Peter Weir (A testemunha) e George Miller (As bruxas de Eastwick), o argentino Luís Puenzo (Gringo velho), o brasileiro Hector Babenco (Ironweed), o francês Barbet Schroeder (Barfly) e o holandês Paul Verhoeven (Robocop).


É o mais bem-sucedido diretor de cinema de todos os tempos. Aos 12 anos, ganha sua primeira câmera de cinema e passa a fazer filmes de ficção. Sete anos depois, freqüenta por três anos os estúdios da Universal. Seus filmes são verdadeiros fenômenos de bilheteria, a maioria com histórias fantásticas e abundantes efeitos especiais. Como diretor e produtor, acumula sucessos: Tubarão (1975), Contatos imediatos de terceiro grau (1977), Os caçadores da arca perdida (1981), E.T. - o extraterrestre (1982), Indiana Jones e o templo da perdição (1984), A cor púrpura (1985), O parque dos dinossauros (1993) e A lista de Schindler, pelo qual recebe seu primeiro Oscar de melhor diretor, em 1994.